MORTALHA
Meu abrigo é o mar
O oceano sem fim
De luz prateada...
E nas praias desertas
Posso contemplar
As ondas
As gaivotas
As ondas sem volta
Lá ouço o rugido selvagem
Que arde em meu peito
Liberto, com coragem
Minha liberdade é o céu
O reluzente azul da criação
De encantos sem véu
Lar da chuva e do trovão
Onde me entrego ao divino
E em preciosa oração
Recito o salmo, toco o sino
Meu sonho é o Sol
Fonte da vida e da morte
Meu norte, meu guia
A luz que regenera
Sua força é minha consorte
Seu calor, minha alegria
Minha mortalha é a terra
A argila ancestral
Fonte do bem e do mal
Lá repousam tristes olhares
Chagas, milagres
E profanos altares
Lugar de amar e viver
Lugar de chorar e sofrer
Onde descanso, afinal
quarta-feira, maio 16, 2007
segunda-feira, maio 07, 2007
ABDICAÇÃO
Abdico de toda a vida
E vou-me embora
Sem fechar a porta
Não tenho plano, nem sonho
E percorro, magoado,
Um caminho ermo e sem volta
E solitário me vou
Insatisfeito
Imperfeito
Mas com coração
Apesar de ainda
Não saber quem sou
Para longe
Sem grito no peito
Sem meu amor
Sem minha dor
Desgosto sem gosto
Eterna insatisfação
De ver tudo errado
Da injustiça
Da miséria
E do homem e seu pecado
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