sábado, março 19, 2011


O PEREGRINO


Diga-me, peregrino
Que procurastes nos templos romanos?
Quais rituais, seitas tomastes parte?
Oferecestes homenagem aos ídolos pagãos?
Ou apenas perambulastes,
Sem destino, pelos antros escuros,
Círculos esquecidos em busca dos arcanos inferiores
Segredos ocultos em liturgias da antiga Babilônia?

Diga-me peregrino,
Quanta magia e qual encantamento
É capaz de descerrar o véu
E revelar as cicatrizes das almas?
Quais estigmas escondem os espíritos?
È possível controlar a mão, a espada?
Transformar o chumbo em ouro?
Ou isto é apenas uma lenda
Encerrada no coração dos tolos?

Diga-me peregrino,
Devo eu temer tuas forjas? teu aço?
Reluzente e frio aço...
Quem sabe, então, uma lança,
Penetrando o coração
Uma lâmina ou punhal
O precioso sangue se esvaindo...

Devo me curvar
Ante o teu sussurro?
Teu diabólico chamamento?
Ou devo apenas temer tuas crenças,
Teus altares, rezas e vontades?
Devo ser amaldiçoado
A te servir?
A contemplar eternamente
A escuridão do teu olhar?

Peregrino
Você está cego?
Teu cajado não te protege
Teus sortilégios não se cumpriram
Tua jornada foi em vão

Pensa ser um escolhido
Mas não passa de uma sombra
À espera de qualquer mal
Não adianta fingir
Teus olhos de fogo te denunciam
Nas sombras da morte
Nas chamas da noite
Vagueia solitário

Entre os esquecidos, os caídos
És o rei, o messias
Pois tua natureza maligna
Jamais irá perecer...