terça-feira, janeiro 30, 2007

SILÊNCIO
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Vejo teus olhos vazios, mirando paisagens remotas, sonhos distantes, esquecidos, corrompidos pelo não estar.

Vejo teu tempo passar, devagar, sem conforto, sem razão, nem inspiração.

Vejo teu silêncio, aterrador, um silêncio gritante, de misericórdia, sem futuro, um silêncio de dor.

Viver sem lutar, sem ânimo, sem alma, entregando-se ao lamento, ao sofrimento.

Tentei escutar tua voz, mas só escutei o vento.

Tentei sentir teu tempo, mas só senti solidão.

Tentei seguir teu olhar, mas só vi miragem, nenhuma paisagem.

Escuto teu silêncio que me esmaga, me faz sentir incapaz de te ajudar.

Um silêncio ofensivo. Silêncio cinzento. Esse silêncio de cólera, que me traga.

Um silêncio tão profundo, sem abrigo, que me faz estar só no mundo.

Um silêncio tão afiado assim é capaz de cortar.

Esse silêncio faz minha voz se calar.

segunda-feira, janeiro 29, 2007

FICO ENTORPECIDO...
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Arte: Kedralynn - Deviant Art
...e me pergunto: Onde está você,
senão em meu coração que chora apertado a falta de teus carinhos,
que implora, miserável, a tua companhia,
que não se satisfaz apenas com tua voz,
distante, de menina, de mulher.
Desabo, como criança,
perante teu meigo sorriso,
teu jeito maternal, também sensual,
quando me abraças e me beija.
Fico sem palavras quando te vejo,
caio a teus pés, sou teu servo,
teu amante nesse louco romance.

Fico em transe, abandono o sono,
lembro de ti quando não te vejo,

sinto-me vazio, fico sem norte,
saudoso de você, sou um ser sem sorte.

Desejo que as horas passem lentamente quando estamos a sós,

para sentir mais o teu calor, carnal, e provar o teu amor, sem igual.
E quando estamos juntos, só penso que finalmente encontrei esta magia que os poetas descrevem, com certa melancolia, em dias chuvosos, nas noites solitárias, que é só o que na vida importa, aquilo que se chama AMOR e às almas conforta.

quarta-feira, janeiro 24, 2007

Em minha hora final
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Minha visão, turva, ilude-me, enquanto carrego minhas dores para a morada distante e final. Atravesso desertos, serras e oceanos e nada carrego comigo, senão as imagens dolorosas de uma pueril existência.

Mas enquanto viajo por paisagens desterradas, negras moradas, um pranto convulviso apodera-se de mim e abala meu ser. Sou tomado por furiosa cólera e grito aos deuses que me libertem dos grilhões carnais. Desejo não ser, não existir...

Tenho o coração apertado, sufocado pelas angústias colossais, e sei que em breve encontrarei meu sudário, meu sepulcro rochoso entre qualquer dos paredões de um penhasco borrascoso.

Nesta hora derradeira, escrevo minhas palavras finais:

Não sinto a luz, nem o gosto do mel.
Ouço uma música suave e fico em transe
Tenho a vista cansada, cansada de ver
Sinto os ossos quebrados, uma vida de fel

Minha cova, em breve, já não estará vazia
É um Supremo reconforto abandonar a Terra
Esta vida efêmera que lentamente me sufoca
E de mim nada restará, senão melancolia

Esse foi um caminhar de martírio
Uma negra marcha rumo à ruína final
E de repente, sinto em meu peito faca afiada
E me entrego sorrindo a um doce delírio

No entanto, nada do que me foi ensinado
Nem os salmos, nem o bem e o mal, ou a filosofia
Nem os cantos, nem os prantos e encantos
Nenhum desses princípios me será retirado

segunda-feira, janeiro 22, 2007

O TEMPO É A MORTE
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... e então ele viu a luz. Após meses de escuridão, ele sentiu o ar inundando seus pulmões. Sentiu o toque de mãos calorosas, e provou o gosto do leite. Acabara de descobrir um mundo novo!

Ele ainda não sabia, mas quando abandonou o útero, ele começou a morrer...

No começo, não sentia o suave toque da morte, mas ela estava lá, desde respirou pela primeira vez...

No princípio, tudo era doce e mel, havia brincadeiras, descobertas, havia sorrisos por toda a parte...

Mas o tempo passa, o tempo, esse inimigo voraz que nos rói as entranhas, acaba com a carne, extirpa toda a força.
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O tempo é a morte
O apagar das luzes
O badalar dos sinos
O tempo é o fim
O fim da paixão
O fim da beleza
O fim da visão
O tempo é o sinal
O sinal que se apaga
Não é bom nem mau
O tempo é forte
O tempo é a morte
Vão de mãos dadas
Num pacto silencioso
Pelo caminho torto
Tocam todos os mortais
Num toque assombroso
O tempo é a extinção
O final do mistério
A última morada, o cemitério

domingo, janeiro 21, 2007

RETIFICAÇÃO
Segunda Feira, dia 15 eu postei um trecho da poesia, "No Caminho com Maiakovski", que sempre pensei ser da autoria do proprio. Ocorre que esta poesia é de autoria de um brasileiro, Eduardo Alves da Costa, e foi escrito nos anos sessenta.

Bem, eu já gostava do poema quando era creditado a um russo, passei a gostar mais quando soube que o autor era brasileiro.

Peço desculpas pelo equívoco (pra não dizer burrice...) cometido por este Defensor

Quem quiser conferir os links estão aí embaixo.

Revista Agulha
Geração Books
Uma Coisa e Outra
Revista Agulha

A observação foi feita pelo carrasco real, Klatuu, o Embuçado, do Crônicas da Peste, e pode ser lida nos comentários do referido post. Agradeço ao nobre verdugo pelo aviso.

Bem, a moral da história é: "pesquise mais e antes de postar qualquer coisa não se embase apenas em uma única fonte"

sexta-feira, janeiro 19, 2007

DETRATORES
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Arrasem os templos
Profanem as virtudes
Proliferem as mentiras
Ocultem as verdades
Queimem os livros
Desfigurem a beleza
Elogiem os monstros
Matem os inocentes
Esmaguem os opositores
Vedem o Direito
Degolem os defensores
Saúdem a ganância
Proíbam a paz
Zombem da igualdade
Incitem a ignorância
Violem a liberdade

***
Tendo observado todo o mal dos homens, digo a vocês, meus amigos, que as máximas acima descritas, além da mais importante - AMAR O ÓDIO, ODIAR O AMOR - são as regras que regem a alma de alguns dos seres malignos que habitam e convivem conosco na Terra.

Esta semana foi terrível para este Defensor, e não é sem razão a minha revolta, e daí o peso deste texto.

Enquanto alguns lutam pela Verdade, Igualdade e Justiça, outros que deveriam zelar por estes valores sagrados de nossa sociedade, parecem não se importar com as misérias humanas. Parecem não saber que têm o poder, de com suas assinaturas em papáeis timbrados, elevar ou arrasar o homem.

Não bastam títulos para ser digno de admiração e respeito.

Admiração e respeito só são reconhecidos com merecimento.

segunda-feira, janeiro 15, 2007

No Caminho com Maiakovski
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...
Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.
...
Dossiê Maiakovski

quinta-feira, janeiro 11, 2007

TEMPO PARA LAMENTAR
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Petrificado, assisto impassível aos lúgubres acontecimentos de uma vida pueril, cercada de sofrimentos e dores. O parto é inevitável, e o romper da aurora anunciará ao mundo nefastos episódios que trarão como conseqüência o fogo e a danação eterna.

Ele, que caminhou sobre a face da terra, e pregou filosofias insanas em seus missais incompreensíveis, afinal estava certo. Olhares de ódio cercam as pálidas figuras que se alinham neste grotesco ritual.

A pira acessa anuncia a derrocada de todos os antigos sortilégios. A cruz já caiu. A guilhotina voltará e sua lâmina será mais afiada do que nunca.

Pássaros negros sobrevoam a fogueira, e sobre os pilares esquecidos de um templo coberto pelas areias do tempo escorre um sangue negro e pegajoso. Feridas que jamais irão cicatrizar, pustulentas. São as chagas de uma maldição eterna.

O silêncio dos inocentes busca um lugar longe de casa para se abrigar da humilhação. Covardes, entregaram-se à derrota, enquanto o falso messias arregimentava legiões em suas orações.

Por um milhão de anos ele vagou pelas planícies e campos e contemplou a semente de todo o mal. Ele ouviu impassível o choro de milhares de almas na noite. Sofrimento e dor num banquete de monstros. Um caminho construído com os ossos dos mortos. A mutilação escarlate ceifa o coro dos anjos. Morte lenta e dolorosa.

Essa doença é a causa de toda a lamentação. São lágrimas que caem como uma mórbida chuva para devastar a terra. Uma sombra de tristeza que se apossa de toda a alegria de outrora...

É o tempo para padecer e lamentar....

terça-feira, janeiro 09, 2007

O POVO COMO TERCEIRA VIA
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Os depositários do poder têm uma disposição desagradável a considerar tudo o que não é eles como uma facção. Eles chegam a incluir às vezes a própria nação nessa categoria - Benjamim Constant

Esta é uma blogagem coletiva, proposta pela Suzy do Alquimistas do Brasil (link ai do lado), que tem por escopo mobilizar parte da sociedade para apoiar a denominada “terceira via”, que seria a escolha de um outro candidato que não fosse os dois nomes cogitados - Aldo Rebelo (PC do B-SP) e Arlindo Chinaglia (PT-SP) - , para concorrer à Presidência da Câmara dos Deputados.

Pois bem.

O título proposto pela Suzy foi "Legislativo forte é independente, não ausente nem leniente!". Como atualmente não acredito em um Poder Legislativo independente e não ausente, nem não leniente (além de honesto), mudei o título... Desculpe Suzy!

Corrupção, podridão, interesses escusos, egoísmo, canalhice. Todos esses "predicados" (e mais alguns que não irei escrever em respeito ao leitor) me vem à mente quando penso em políticos, sejam eles quais forem.

Todos são lindos e maravilhosos quando estão na "oposição" (se é que existe isso): pensam no bem estar do povo, direitos sociais, mais renda e trabalho para todos, criticam as altas taxas de juros, etc. Tudo é belo e maravilhoso, mas quando se tornam “situação”, quando seus partidos conseguem eleger prefeitos, governadores e presidente... pronto, aí já é outra estória. O discurso e os atos mudam.

Não me iludo. Nada irá mudar. Qualquer que seja o eleito para presidente da Câmara, as coisas irão continuar péssimas.

Não se muda um país de uma hora para outra, assim como não se muda a mentalidade de um povo pacífico e submisso sem educação e conscientização.

Repito o que eu já escrevi em diversas oportunidades: passados mais de 18 anos da promulgação da Constituição, os direitos nela encartados ainda continuam no papel. E o que é pior: sem a menor previsão de torná-los realidade.

O novo presidente da Câmara irá mudar isso? Duvido.

Podem me chamar de revoltado, ou outras coisas piores, não me importo, só estou externando minha opinião, que pode estar errada!

É fato: políticos não gostam do povo, não gostam de cobranças, não gostam de prestar contas Tudo bem, existem exceções, mas são gotas num oceano.

Não dou meu apoio a nenhum político. Desta forma, não irei apoiar este ou aquele como alternativa para concorrer à presidência da Câmara dos Deputados.

Mas apóio uma terceira via.

Apóio o povo como terceira via.

No entanto, eu sei que esta “terceira via” só virá com a conscientização de que políticos só existem para representar os interesses coletivos.

Apóio a terceira via da revolução. A revolução da mentalidade do brasileiro.

Apóio a terceira via para cobrar educação, segurança, saúde, trabalho, previdência, assistência. Apoio a terceira via da fiscalização, da marcação cerrada em cima desses cães do Congresso.

Apóio a terceira via dos caras pintadas. Apóio a terceira via da indignação com barulho, do apitaço, de todas as manifestações pacíficas que coloquem um espelho na cara dos senhores políticos para que eles vejam a si próprios, para que vejam como são cara de pau, para que eles percebam que não podem fazem o que eles bem entendem. Para que eles atinem que o povo (o verdadeiro dono do poder, conf. parágrafo único do art. 1° da Constituição) não pode ser feito de palhaço.

O verdadeiro sentido da democracia é a cobrança, a insistente exigência de respeito aos direitos fundamentais, a contumaz fiscalização dos atos dos Poderes Judiciário, Executivo e Legislativo (e por que não do Ministério Público? ...uma vez que eles se acham representantes do 4° Poder), a reivindicação de uma sociedade livre justa e solidária, de respeito à dignidade da pessoa humana. Todas essas manifestações, essas cobranças devem partir da sociedade, do povo.

Como já disse Georges Clemenceau: A democracia? Vocês sabem o que é? O poder de os piolhos comerem os leões.

Não sou o senhor da razão, freqüentemente erro e posso estar errado nesta minha perspectiva, mas só escrevi o que acredito.

Sou um ignorante... nunca viajei para fora do país. Não conheço, além do que dizem os livros, outras culturas e outros países, mas mesmo assim, não troco o Brasil por nenhum país do mundo, seja ele qual for. Esta é uma bela terra. O que falta somente é a vontade de querer mudar. Alexandre Herculano tem uma frase que diz: “Querer é quase sempre poder; o que é excessivamente raro é o querer”.

Talvez minha terceira via seja ilusão, seja uma miragem, mas ainda acredito que seja possível tal revolução. O Brasil é grande demais para se render à essa corja que está no poder!!!
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quinta-feira, janeiro 04, 2007

OLHARES

Olhos que chamam
Imploram, devoram
Lança um olhar
Aos olhos do amor
Com paixão,desejo
Olhar de dor
Olhar sem cor
Olho animal
Selvagem, marginal
Devora o olhar
De quem te ama
De quem te engana
Lança um olhar
Aos olhos do mar
Com fascínio, espanto
Olhar sem pranto
Olhar sem canto
Olho voraz
Faminto, tenaz
Olhar pétreo
Duro, férreo
Etéreo
Olhos de chama
Quentes, fogosos
Lança um olhar
Aos olhos do Sol
Um olhar em vão
Um olhar sem farol
Olhos de devoção
O olhar final
Olhos de despedida
Com lágrima, pranto
Olhos de uma deusa
De luz, de encanto

terça-feira, janeiro 02, 2007

A RENOVAÇÃO
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Recebi esta parábola por e-mail, e apesar de se tratar de uma antiga lenda, cabe como uma luva como uma mensagem de começo de ano.

A águia vive aproximadamente setenta anos. Quando chega pela metade de sua existência, seu bico está enfraquecido e gasto, as unhas de suas garras estão fracas, de modo que não consegue mais segurar suas presas e suas penas tornaram-se pesadas devido à sujeira acumulada nesses anos, dificultando-lhe o vôo.

Neste momento, a águia deve tomar uma decisão: ficar como está e enfrentar a morte certa, ou iniciar um doloroso processo de renovação. Algumas optam pela primeira alternativa. Essas são as fracas, as que se entregam sem lutar. Desistem de viver com medo da dor e da mudança. Outras, no entanto, seguindo o instinto de sobrevivência, desafiam a dor da renovação.

Essa renovação começa a ocorrer quando a águia busca abrigo em alguma fenda do penhasco, onde se abriga de outros predadores. A ave, então, começa a bater o velho bico contra a rocha até conseguir arrancá-lo e espera que nasça outro.

Em seguida começa a arrancar as velhas unhas com o bico novo. Quando novas unhas surgem, a águia começa a usá-las junto com o bico, para arrancar as penas endurecidas e sujas.

Somente depois desse ritual de renovação, a águia recupera as condições de voar novamente.

A renovação muitas vezes é a chave para o sucesso. Somente quando nos livramos de velhos costumes ou dolorosas lembranças poderemos alçar o vôo rumo a vitória.

Mudanças algumas vezes são dolorosas, mas necessárias para o crescimento do ser humano.


Não há realização sem esforço. Sem esforço não há ascenção.


Este ano que se inicia sejamos como a águia: bravos, renovados, livres de nossos medos para que possamos voar cada vez mais alto, rumo ao céu azul, rumo as estrelas.


Uma jornada cheia desafios nos espera. A luta já se iniciou...