terça-feira, novembro 28, 2006

PEQUENAS VÍTIMAS

Eles são pequenos. Eles são frágeis. Eles são inocentes, mas mesmo não tendo culpa alguma, pagam pelos erros dos adultos.

Pagam um preço alto, pois não podem se defender sozinhos. Então, eles são explorados, humilhados, agredidos e violentados. No mundo perverso e cruel dos adultos, esses pequenos seres são alvo de preocupações que visam protegê-los: leis, tratados internacionais, conferências mundiais... mas, na maior parte das vezes tudo fica muito bonito... no papel!

Tanta preocupação em nome de uma suposta HUMANIDADE, mas no fundo, aos olhos dos grandes países do mundo, e até mesmo de países ditos "em desenvolvimento", como nosso caso, as crianças são menos valiosas do que o ouro negro que jorra das entranhas da terra, são menos importantes que as armas produzidas e exportadas para que seus pais possam se matar em guerras absurdas. Não merecem tanta preocupação quanto à economia, quanto ao câmbio, quanto às obras que rendem votos...

Esta vida ingrata - graças ao que poderiam fazer algo, mas quedam-se inertes - rouba-lhes a dignidade, e depois o que esperamos nós em troca? Afagos, carinhos, beijos? Ou a retribuição virá com o mal, com a violência, com a faca?

Qualquer governo do mundo que trata os infantes desta forma, esquece-se de que eles serão o futuro. Fingem não saber que eles estarão aqui amanhã, em nosso lugar...

Todos os dias uma criança uma criança é maltratada. Todos os dias uma criança, ao invés de estar na escola, está sendo explorada em algum semáforo. Todos os dias uma criança não se alimenta...Todos os dias um adulto que já foi uma criança maltratada, que já vendeu balas no semáforo, que não comeu, que não foi para a escola, furta, rouba, estupra e mata alguém...

Essas crianças são escravas de um mundo perverso e desigual. Escravas de um sistema que não se preocupa com eles. Crianças escravas do mal, do mal que os governantes fazem a elas!

Onde está o Governo? Estas pessoas Sr. Presidente não necessitam apenas das bolsas-esmola da vida. Os infantes precisam de escolas em período integral, com bons professores, com boa merenda. Precisam aprender um ofício, um trabalho honesto. Precisam de Hospitais, de saúde. Precisam de saneamento básico. Precisam sentir que fazem parte do mundo.

Onde estão nossos Congressistas? Certamente pensando em aumento salarial, ou em como dar o próximo desfalque, ao invés de preocuparem-se com questões importantes como essas...

Neste país desigual, no qual os homens do poder, preocupam-se apenas com interesses escusos, onde está a Dignidade?

Será que eles já tiveram a curiosidade de ler a Constituição e o Estatuto da Criança e do Adolescente?

Não ouvem eles os pedidos de socorro de nossas crianças, forçadas a trabalhar, a se prostituir?

Não ouvem eles o débil choro da fome, da inanição? Não vêem eles o olhar de desespero dos infantes na miséria?

Não conhecem eles a palavra solidariedade? E "misericórida" ? Será que já ouviram falar?

E “fazer o bem”? Não creio que saibam o que é esta expressão...

O bem para eles é algo que se possa administrar através de contas bancárias. Para estes chacais do governo e do congresso, "bem" é apenas sinônimo de propriedade...

A estes cães só posso desejar todo o "bem" que no inferno encontrarem...

segunda-feira, novembro 27, 2006

ESCRAVOS DE UM MUNDO PERVERSO
O homem nasce livre e em toda a parte se encontra acorrentado
Rousseau
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Somos escravos de um mundo perverso
Escravos de nossos medos, de nossas angústias
Escravos das leis, dos governantes, do labor
Servimos com submissão secular há gerações
Servimos àqueles que exigem nosso suor, nosso sangue
Aos que retiram nossa vontade de lutar
Aos que extirpam lentamente nossa vida
Em nome da escravidão de ser livre
Somos escravos de um mundo desprezível
Escravos de nossas vontades, de nossas paixões
Escravos dos vícios, das virtudes
Grilhões nos cercam por todos os lados
Correntes nos prendem aos desígnios do destino
Destino cruel e escravista
Somos escravos de um mundo imaginário
Escravos de deuses cruéis e impiedosos
Escravos de seus ritos, de seus dogmas
Servimos à luz, servimos às trevas,
Servimos ao bem e ao mal, ao amor e ao ódio
Somos escravos da vida, escravos da morte
Somos escravos até mesmo da esperança
Essa senhora tola que insiste em nos iludir
Com desejos de não sermos mais escravos

quinta-feira, novembro 23, 2006

SOBRE HOMENS E MONSTROS
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“Devemos ter amigos que nos ensinam o bem; e perversos e cruéis inimigos, que nos impeçam de praticar o mal” - Diógenes

“Decisões febris tomadas para toda a eternidade, mas imediatamente seguida de remorsos...” Acho que a frase encontra-se em algum dos livros de Dostoievski, não lembro qual.

Já escrevi em A Fúria é Mortal no Coração dos Mortais que deveríamos nos arrepender somente do que deixamos de fazer, e não do que já fizemos.

Atos passados não podem ser modificados e já sabendo disso, creio que antes de tomar qualquer decisão, esta deve ser bem pensada.

Da mesma forma, quando se usa a palavra – às vezes mais poderosa que a espada – deve-se escolher bem o que se fala, sob pena de sermos mal interpretados, ou ferirmos os sentimentos de alguém.

Em verdade, o arrependimento pode matar uma pessoa, ainda que lentamente, envenenando-a com a cicuta do remorso, do pesar, tornando-a soturna, melancólica, abatida... desistindo de viver!

Não existem pessoas inteiramente más, assim como não existem pessoas completamente boas. Sempre acreditei que os seres humanos, movidos por suas paixões, medos, valores, angústias ou o que quer que seja, são dotados de livre arbítrio e, podem, de acordo com as circunstâncias, revelar uma face boa ou má. Vale dizer: ninguém é sempre bom, e nem sempre é mau.

O homem é o senhor de seu destino. O homem decide o que faz sobre a face da Terra. Ele pode ser bom ou mau, egoísta ou solidário, Deveríamos nos preocupar – e portanto, pensar antes de agir ou falar – com nosso semelhante antes de magoá-lo, explorá-lo, maltratá-lo ou torturá-lo.
Mas ao mesmo tempo em que é sua perdição, essa dualidade do homem é que o faz único, especial, digno das mais diversas paixões, opiniões, aplausos ou censuras.

A perfeição não existe, e jamais existirá. Um mundo perfeito poderia ser maravilho, mas seria, certamente, enfadonho. A imperfeição é que nos torna maravilhosos.

Bem, mal, solidariedade, egoísmo, interesse, apego, temperança, justiça, coragem, covardia, conformismo, rebeldia, humor, prudência, imprudência, lealdade, traição, fidelidade, infidelidade, pureza, malícia, amor, ódio, e muitos outros atributos fazem parte de nós, fazem parte de nosso dia a dia. Estão presentes em nossa consciência, em nossa alma.

Tudo isso está lá, no âmago do nosso ser, esperando para se mostrar. Alguns predicados mais fortes que outros, mas todos estão presentes, em maior ou menor grau, ainda que de forma latente. Talvez em muitas pessoas só em pensamento, mas mesmo assim, estão presentes.

É verdadeiro e certo que sempre é melhor lutar pelo que é bom, pelo justo, pelo correto. Mas também é correto e sensato que a luz não existe sem as trevas, que o bem não existe sem o mal. A dualidade faz parte da essência de todas as coisas no universo.

Sempre haverá homens e monstros, às vezes reunidos na mesma pessoa...
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É isso... bom final de semana. Volto segunda.

terça-feira, novembro 21, 2006

Desertos da Alma

A alma deserta
A vida solitária
O canto esquecido
Existência fugaz
Nada mais resta
Nem o Sol
Nem a Lua
Nem os amores
Sequer os terrores
Tudo se vai, perdido
Triste, magoado
Sem esplendor, descarnado
Morto, envelhecido
Sem chance
Sem romance
Sem tristeza
Nem tragédia
Tudo se vai
Triste fim
Da carne mortal
A luz se esvai
Eu e você
A morte nos torna iguais

segunda-feira, novembro 20, 2006

DIANTE DA LEI
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Diante da Lei está um guarda. Vem um homem do campo e pede para entrar na Lei. Mas o guarda diz-lhe que, por enquanto, não pode autorizar-lhe a entrada. O homem considera e pergunta depois se poderá entrar mais tarde. -"É possível" - diz o guarda. -"Mas não agora!". O guarda afasta-se então da porta da Lei, aberta como sempre, e o homem curva-se para olhar lá dentro. Ao ver tal, o guarda ri-se e diz. -"Se tanto te atrai, experimenta entrar, apesar da minha proibição. Contudo, repara, sou forte. E ainda assim sou o último dos guardas. De sala para sala estão guardas cada vez mais fortes, de tal modo que não posso sequer suportar o olhar do terceiro depois de mim".

O homem do campo não esperava tantas dificuldades. A Lei havia de ser acessível a toda a gente e sempre, pensa ele. Mas, ao olhar o guarda envolvido no seu casaco forrado de peles, o nariz agudo, a barba à tártaro, longa, delgada e negra, prefere esperar até que lhe seja concedida licença para entrar. O guarda dá-lhe uma banqueta e manda-o sentar ao pé da porta, um pouco desviado. Ali fica, dias e anos. Faz diversas diligências para entrar e com as suas súplicas acaba por cansar o guarda. Este faz-lhe, de vez em quando, pequenos interrogatórios, perguntando-lhe pela pátria e por muitas outras coisas, mas são perguntas lançadas com indiferenca, à semelhança dos grandes senhores, no fim, acaba sempre por dizer que não pode ainda deixá-lo entrar.O homem, que se provera bem para a viagem, emprega todos os meios custosos para subornar o guarda. Esse aceita tudo mas diz sempre: -"Aceito apenas para que te convenças que nada omitiste".

Durante anos seguidos, quase ininterruptamente, o homem observa o guarda. Esquece os outros e aquele afigura ser-lhe o único obstáculo à entrada na Lei. Nos primeiros anos diz mal da sua sorte, em alto e bom som e depois, ao envelhecer, limita-se a resmungar entre dentes. Torna-se infantil e como, ao fim de tanto examinar o guada durante anos lhe conhece até as pulgas das peles que ele veste, pede também às pulgas que o ajudem a demover o guarda. Por fim, enfraquece-lhe a vista e acaba por não saber se está escuro em seu redor ou se os olhos o enganam. Mas ainda apercebe, no meio da escuridão, um clarão que eternamente cintila por sobre a porta da Lei. Agora a morte está próxima.

Antes de morrer, acumulam-se na sua cabeça as experiências de tantos anos, que vão todas culminar numa pergunta que ainda não fez ao guarda. Faz-lhe um pequeno sinal, pois não pode mover o seu corpo já arrefecido. O guarda da porta tem de se inclinar até muito baixo porque a diferença de alturas acentuou-se ainda mais em detrimento do homem do campo. -"Que queres tu saber ainda?", pergunta o guarda. -"És insaciável".

-"Se todos aspiram a Lei", disse o homem. -"Como é que, durante todos esses anos, ninguém mais, senão eu, pediu para entrar?". O guarda da porta, apercebendo-se de que o homem estava no fim, grita-lhe ao ouvido quase inerte: -"Aqui ninguém mais, senão tu, podia entrar, porque só para ti era feita esta porta. Agora vou-me embora e fecho-a".

Franz Kakfa, tradução de Torrieri Guimarães
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O cidadão brasileiro é como o camponês do livro de Kafka: não sabe que existem leis; não sabe, na maior parte das vezes, que tem direitos. Pior: quando sabe que tem o direito, mas não o faz valer. Não falo aqui do homem regular, aquele que concluiu o ensino médio. Falo da maior parte da população, daqueles que mesmo sabendo escrever, não têm condicções intelectuais de interpretar um texto.

Para esses, os párias, os miseráveis, os flagelados, não existe lei. Não existe ordem jurídica justa, não existe todo o artigo 5°, e seus 78 incisos - aqueles que contemplam os direitos e deveres individuais e coletivos - da Constituição. Que dizer dos direitos sociais, assegurados pelos arts. 7° ao 11? Estes é que não existem mesmo... Acesso ao Judiciário? Nem pensar!

Condenados a uma existência sem saúde e educação, para se dizer o mínimo, jamais adentrarão as portas que levam à Lei.

Jamais saberão que a Lei é linda, é valiosa, é sábia! Jamais saberão que a Lei foi feita para eles...

"São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados..." (art. 6° da Constituição da República)

Nem vou escrever sobre de quem é a culpa... tirem suas próprias conclusões!

"Sempre haverá mais ignorantes que sabedores, enquanto a ignorância for gratuita e a ciência dispendiosa"
Marquês de Maricá

sexta-feira, novembro 17, 2006

A FÚRIA É MORTAL NO CORAÇÃO DOS MORTAIS
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Seja o senhor de seus pensamentos.
Jamais se arrependa do que fez,
Mas tão somente do que deixou de fazer.
Trave em silêncio todas as guerras.
Não se anuncie aos inimigos até que seja tarde,
Tarde demais para qualquer reação.
Lance o desafio, conquiste,
Mantenha os espólios e só depois
Beba o rubro vinho em comemoração.
Mas após triunfo, trate-os com dignidade.
Não desperdice a preciosa vida com ódio
E pensamentos mesquinhos,
Pois toda a fúria que inunda a alma
É mortal no coração dos mortais.
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Bem, volto segunda. Bom final de semana a todos!

quinta-feira, novembro 16, 2006

1678
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Arte: The Shadows of a Memory, por Jaheira

E ainda que na hora de minha morte
Meus mais terríveis medos me assolem,
Lembranças dolorosas passam por minha mente.
Foi em uma época em que os campos estavam vazios e
Os ventos cantavam tristes melodias,
Numa paisagem cercada de sofrimento e dor.
Na derradeira despedida de um amor perdido,
A desgraça revelou-se através de um céu cinzento,
Desolação no ar e sangue cobrindo a terra.
Abandonei toda a esperança,
E em meu íntimo senti aflição.
Memórias tornam-se insuportáveis.
O infortúnio da alma é multiforme:
A chuva caia, e havia morte no caminho.
Dentre todas as mortais,
O anjo de asas negras te levou e te sepultou.
Eu lembro
Foi no ano de 1678 que pela última vez chamei teu nome.
No sombrio e solitário outono.
Foi no desolador 1678 que te perdi para sempre...
Foi no triste 1678 que
Pela última vez alisei teus cabelos carmesins...
Amargurado e solitário jamais me perdoei.
Devia eu por acaso ter lutado,
Lutado contra os planos do Criador?
Deveria eu ter enfrentado o anjo da morte?
Deveria eu ter trocado de lugar contigo?
Ah, se eu pudesse... Ah fosse me dado tal poder!
E então, sem tua presença, pelo resto de meus dias
Nenhuma pena, nenhum castigo foi duro o bastante.
Cada açoite ainda era clemente demais para mim.
Como um espírito infeliz e soturno
Percorri a passos lentos e solitários
O restante de minha existência
Vislumbrando tua face nos lagos, no céu
No mar, nas fontes, nas estradas empoeiradas
Onde quer que eu fosse só via tuas belas feições
E onde quer que eu estivesse,
Tua presença eu desejava
Eu lembro
Foi em 1678 que te olhei nos olhos pela derradeira vez
Foi no desolador 1678 que pela última vez chamei teu nome...
Em 1678 morri contigo, morri para a vida!
Agora, em minha hora final
Não tenho medo, não sinto a dor lancinante
Que atravessa meu peito e faz meu coração
Lentamente cessar de pulsar
Com minh’alma partindo deste corpo quase sem vida
Rememorei nossas últimas palavras
De afeto, de carinho, de amor...
Às portas da morte, minha consciência atormentada sabe
Que o fogo que nos animou agora viverá em nossos espíritos...

quarta-feira, novembro 15, 2006

NOITE
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Foto: Armindo Dias
O erro é a noite dos espíritos e a armadilha da inocência
Luc de Clapiers, Marquis de Vauvenargues

É durante a noite que é belo acreditar na luz
Jean Rostand

Aqueles que nós definimos como os nossos dias mais belos não são mais do que um brilhante relâmpago numa noite de tempestade
Alphonse Marie Louis de Lamartine

Quem sonha de dia tem consciência de muitas coisas que escapam a quem sonha só de noite
Edgar Allan Poe

Se de noite chorares pelo sol, não verás as estrelas
Rabindranath Tagore

Quanto mais fecho os olhos, melhor vejo
Meu dia é noite quando estás ausente
E à noite vejo o sol se estás presente
Shakespeare

Eu amo a noite
Tantas são as sombras
A luz profana
Remove a chama
Deixa-os na escuridão
Para sempre...
Ronnie James Dio

Óh, negra noite
Que abre os portais mágicos
Óh, noite eterna
Morada dos seres que rastejam
À procura de algum'alma corromper
Somos fortes em teu ser
Somente por ti queremos viver
Tuas trevas nos fortalece
E nas tuas trevas iremos morrer
Defensor

terça-feira, novembro 14, 2006

ELOGIO À DEUSA
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O culto à Deusa é tão antigo como a história do homem. Evidências arqueológicas apontam que nas culturas ancestrais, a mulher desempenhava papel fundamental nas praticas religiosas, e estava ligada, principalmente, ao papel da fertilidade ou da “mãe”, ou ainda, de elo com a natureza.

A imagem de uma Deusa de quadris largos e seios fartos venerada no Neolítico foi encontrada na Turquia, na mais antiga cidade conhecida (Çatal Huyuk) daquele período - cerca de 10 mil anos atrás - sugerindo que os homens pré-históricos antes de adorar deuses, adoravam deusas.

As antigas civilizações do oriente possuíam divindades femininas importantíssimas. Apenas para citar algumas:

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Néftis e Isis

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Kali, a transformação

Na Mesopotâmia, Astarte era a rainha do mundo. Os Babilônicos a denominavam Ishtar, ou seja, estrela, a luz do universo. Tiamat era a deusa que originou tudo no mundo, inclusive os deuses. Beltia reinava nos céus e era capaz de aliviar o sofrimento, dar a vida e o prazer.

No Egito, temos em primeiro lugar Isis, cujo amor incondicional conseguiu restituir a vida a Osíris após este ter sido esquartejado por seu irmão e arqui-inimigo, Seth. Hator, representada por uma mulher com chifres na cabeça portando o disco solar, era a deusa dos céus, do amor, da dança, da fertilidade. Bastet era a deusa gato, também encarnava o aspecto da fertilidade e protegia as grávidas. Por vezes confundida com Sekhmet, quando adquiria a ferocidade de uma leoa. Néftis era a deusa da justiça.

Na Índia, as divindades femininas eram manifestações da Deusa-Mãe e Shakti era sua principal personificação. Lashmi, a deusa da prosperidade, tanto material, como espiritual. Kali, a poderosa deusa da transformação, por vezes destrutiva, de expressão demoníaca. Saravasti, a deusa das artes.

O velho testamento trouxe o começo da derrocada para as deusas, quando já no Gênesis culpa Eva pela expulsão do Paraíso.

As antigas escrituras hebraicas dão conta da existência de uma mulher anterior à Eva, como companheira de Adão, no paraíso: Lilith (ao que parece banida da versão bíblica da Igreja) que inconformada com a desigualdade a que era submetida, revolta-se e pronuncia o nome secreto de Deus, acusa Adão e foge para o Mar Vermelho, onde passa a viver em promiscuidade com os demônios.

A mulher passou a ser relegada a um segundo plano na história da religião cristã. Desde o início da era cristã, com a adoção por parte da Igreja Católica, dos Livros do Novo Testamento, o papel da mulher foi sendo suprimido, principalmente deixando de lado e, sendo paulatinamente apagado dos registros "oficiais" o papel que Maria Madalena e Maria, mãe de Jesus tiveram no decorrer da vida do Nazareno.

Perturbador, no entanto, foi a perseguição sofrida pelas mulheres no decorrer da Idade Média. A inquisição da igreja católica foi implacável caçando mulheres que se destacavam certamente pela aguda inteligência e conhecimentos pagãos (considerados estes como todas aquelas crenças que conflitavam ou antes, não se coadunavam com os interesses religiosos da época), humilhando, desta forma, o orgulho do sexo feminino. A inexorável caça as “bruxas” fez com que se calasse a voz mágica da mulher.

Algumas mulheres, no decorrer da história tornaram-se inesquecíveis e imortalizaram seus nomes para as futuras gerações. Algumas foram escravizadas, torturadas, violadas e por terem sido martirizadas sempre sem qualquer motivação válida, passaram a ser veneradas, e até santificadas.

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A terrível inquisição de uma "bruxa"

Neste ponto, lembro uma passagem do interrogatório de Joana D’arc, quando esta responde de forma brilhante a uma pergunta maliciosa do Inquisidor, o teólogo Jean Beaupère:

- Sabeis se está na graça de Deus?

- Se não estou, que Deus me ponha nela; se estou que Deus nela me conserve...

Brilhante, não?!!!

Outras mulheres tornaram-se grandes rainhas, líderes, pensadoras, escritoras, pintoras, artistas. São muitas para se mencionar neste humilde elogio. Mas a grande parte delas, apesar de não ter se destacado na história, nem por isso fica para trás. Essas são as mulheres do dia a dia: honestas, batalhadoras, tenazes, fiéis, independentes, sempre na busca pela igualdade (infelizmente ainda existe este tipo de discriminação, principalmente no trabalho...), muitas vezes frágeis, porém dotadas de uma vontade mais férrea e ao mesmo tempo mais humana do que a do sexo oposto.

Sempre achei que se as mulheres tivessem o controle do poder, o mundo seria um lugar menos perigoso e mais solidário.

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Um ser sublime: o mais perfeito da criação

O fato é que a beleza de certas mulheres enfeitiça. Para algumas, basta um gesto, um olhar, um balanço dos cabelos... e pronto, nós, homens já caímos de joelhos. Outras enfeitiçam pela inteligência, pelos ideais, convicções. Outras, pela simpatia. O certo é que todas, todas têm atrativos, só pelo fato de serem mulheres: O ser mais sublime de todo o Universo... O ser que gera a vida dentro de si, sem dúvida nenhuma, é o mais importante e perfeito da Criação. A obra prima de Deus, ou melhor dizendo, da Deusa.

Bem, a essa altura, a leitora ou o leitor já deve estar se perguntando se perdeu alguma coisa e se hoje ou amanhã é o dia internacional da mulher. Não. Não é. Todos os dias são das mulheres... Elas merecem a incontestável saudação e elogio deste Defensor.

Este post é dedicado às mulheres de minha família que ainda vivem, bem como àquelas que já se encontram no Plano Superior: Ângela, Dalva, Maria que repousam entre as estrelas...

PS= Peço que me perdoem eventual imprecisão histórica. E só para constar o dia internacional da mulher é 8 de março.

segunda-feira, novembro 13, 2006

REINAR NO INFERNO PREFERIR NOS CUMPRE
À VILEZA DE SER NO CÉU ESCRAVOS

A obra mais conhecida de John Milton (1608-1674) é o "Paraíso Perdido", poema épico, cujo tema discute o problema filosófico e religioso da alma humana. O tema gira em torna da queda do homem, em virtude da desobediência de Adão e Eva no jardim do Éden. O personagem principal do poema, no entanto, é Satan, descrito não como um ente desprezível, mas como um anjo, embora um anjo caído. O poema tem início após sua derrota, logo após liderar uma rebelião contra a autoridade de Deus, quando ele e seus pares estão vencidos no inferno, mas já conspirando para recomeçar a luta contra o Céu.
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Uma das partes mais famosas do poema é a que Satã dirige-se aos seus pares no inferno, e ao final, diz uma das frases mais famosas da literatura mundial:

— Será este o lugar, a terra, o clima. — Disse o Arcanjo perdido, em seu trono, — Será esse o assento pelo qual deveremos trocar o céu, será essa escuridão lamuriante paga com aquela luz celestial. Seja, pois, desse modo, uma vez que aquele que é soberano pode dispor e ordenar o que deve ser certo: o mais distante dele ser-nos-á melhor; a quem a razão igualou, a força fez supremo sobre seus pares. Adeus! Felizes pradarias, onde a alegria floresce eternamente! Salve! Horrores, salve! Mundo infernal E tua mais profunda treva, recebe Teu novo soberano, um que traz Uma mente imutável pelo espaço ou tempo. A mente é um lugar em si Mesma, e pode fazer do inferno um céu e do próprio céu um inferno. Que importa onde, se serei ainda o mesmo, e o que deveria ser? Sempre e em tudo menos que ele, a quem O trovão tornou o maior. Aqui, Pelo menos, seremos todos livres. Não erigiu o Todo-Poderoso esse lugar para, com sua inveja, daqui nos expulsar, não. Poderemos reinar em paz e penso que reinar das ambições é a maior. Ainda que no inferno. Pois é melhor reinar No inferno do que servir no céu.

sexta-feira, novembro 10, 2006

ERA DIGITAL
Nada melhor do que finalizar a semana com um pouco de humor...
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Um ótimo final de semana à todos!

quinta-feira, novembro 09, 2006

A VIDA É COMBATE
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Hoje escrevi:
Existirá um tempo em que o homem conhecerá a fadiga
Não só do corpo como também da alma.
Então, o brilho de seu olhar irá se apagar,
A força de seus músculos irá declinar e
Não existirá mais poder em suas palavras.
E mesmo que o corte de sua lâmina possa não ser mais o mesmo
Bravo é o guerreiro que perece lutando...

E então lembrei:
“Não chores, meu filho;
Não chores, que a vida
É luta renhida:
Viver é lutar.
A vida é combate,
Que os fracos abate,
Que os fortes, os bravos
Só pode exaltar”
(Canto I, da Canção Tamoio, de Gonçalves Dias)

Acreditar, sempre acreditar. Avançar. Sempre avançar, ainda que entre lágrimas...

terça-feira, novembro 07, 2006

DOMÍNIO PÚBLICO EM PERIGO
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O portal Domínio Público, mantido pelo governo federal permite acesso à obras literárias, artísticas e científicas que já estão em domínio público, disseminando, desta forma, diversas áreas do conhecimento humano.
Não sei se é verdade, mas li no blog Taverna do Bárbaro (link ao lado) que o portal corre o risco de ser retirado da internet por falta de acesso. Eu já conhecia o portal e já havia baixado algumas coisas. É possível encontrar obras de Camões, Pessoa, Balzac, Shakespeare e até Aleister Crowley. Na parte de som, entre outros, encontramos Mozart, Brahms, Grieg e Bach.
O site ainda conta com imagens, xilogravuras e fotografias, como a do 14 Bis de Santos Dumont acima.
Estou fazendo a minha parte e divulgando. Repasse aos seus amigos para que possamos manter o portal na net, afinal cultura nunca fez mal a ninguém.
UM CONTINENTE DEVASTADO
A Africa sofre. Não bastasse os anos de humilhação causado pela dominação européia sobre o continente e a devastadora fome que assolou (e ainda assola) paises como a Somália e a Etiópia em meados dos anos oitenta, já há alguns anos que o continente negro sofre com a pandemia da AIDS, principalmente na África Subsaariana.
Estima-se que 70% dos portadores do HIV de todos os casos mundiais estejam na África, perfazendo um total de quase 37 milhões de soropositivos. A situação é particularmente grave em Botsuana que tem 35% de sua população contaminada. Zimbábue e Suazilândia apresentam contágio de 25% da população e África do Sul, Namíbia e Zâmbia, com 20% de soropositivos.
Em 2005, a ONU divulgou documento expondo que cerca de cinco milhões de pessoas foram contagiadas pelo HIV, dos quais 3,2 milhões somente na África.
As imagens abaixo são do fotógrafo Tom Stoddart e foram tiradas na Zâmbia entre 2000 e 2004.
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2000- Sevelino Banda é um dos 126 coveiros do cemitério de Lusaka, Zâmbia. Juntos eles cavam cerca de 50 covas por dia, a maior parte delas reservada às vítimas do HIV.
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2002- O corpo de um garoto de 8 anos vítima do HIV na Zâmbia é preparado para o funeral pelos familiares.
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2002- O corpo de um rapaz está no necrotério. Ele é mais uma das vítimas desta doença terrível na Zâmbia.
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2003- Em uma área pobre em Lusaka, Zâmbia, Modestar Msoni é a mãe adotiva de 17 crianças cujos pais morreram em decorrência da AIDS. Os próprios filhos dela foram vítimas da doença.
Esta última imagem me emocionou. Mesmo com todas as dificuldades e sem ter nenhuma obrigação esta mulher cuida, com dedicação, destes infantes que perderam os pais. Quando começo a pensar que o ser humano está perdido, sempre descubro alguns exemplos de pessoas iluminadas e que me fazem acreditar que ainda há esperança para o homem...

sexta-feira, novembro 03, 2006

DIA DOS MORTOS
Ontem foi dia de finados, e como não consegui postar, faço hoje minha homenagem aos que já se foram. Eis algumas imagens para nos lembrar de nossa mortalidade...
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quarta-feira, novembro 01, 2006

ÓDIO ABSOLUTO
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As poucas palavras que aqui estão escritas refletem uma pesada e triste realidade: O demônio que existe no âmago de alguns homens cada vez mais tenta se libertar. Tal como uma moléstia, uma peste, todo o mal que o homem faz se espalha.
Uma maldita força interior compele-os à maldade. Tornam-se criminosos, e os seus crimes não atingem apenas um ser humano isoladamente, mas toda a humanidade.
Estes seres nefastos, disfarçados entre os humanos, corrompem, agridem, ferem e matam. Não se importam com nada além de ver o próximo humilhado, massacrado e despojado de dignidade.
Um medo ou ódio ancestral gera a violência. Uma inquietação de imaginar o outro espalha discórdia, mentira e crime entre irmãos. Nunca se preguntam onde toda essa violência os levará, nunca se perguntam até ser tarde demais, e só então choram e se dizem arrependidos...
É o mais deplorável sentimento: A INCAPACIDADE DE AMAR.
O ódio é um velho cúmplice da humanidade.

PS: Este post foi escrito depois que eu assisti uma reportagem na televisão, que trata da mais nova "diversão" entre os jovens nos EUA: filmar o espancamento de moradores de rua. Alguns, devido à violência dos ataques morreram. Um cidadão, que começou com tudo isso, vendeu os direitos desses "vídeos educativos" a uma grande empresa e hoje está rico. Virou moda. Agora todo adolescente que acha bonito bater em alguém gratuitamente está produzindo seus próprios vídeos.
Faz tempo que eu perdi a fé na humanidade. Espero que essa moda não se alastre por outros países, e em especial não se espalhe no Brasil. Já temos problemas demais com a violência para importarmos idéias nefastas dos gringos.