sexta-feira, setembro 15, 2006

CINZAS, SERRAS E A MORTE DO VERDE

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Alguns posts atrás eu escrevi sobre a hipótese gaia, teorizada pelo químico Lovelock, e mencionei a polêmica questão da transformação do meio-ambiente provocada pelas (más) ações do homem.

Ontem fui ao oftalmologista e, enquanto esperava, folheei uma revista que continha uma entrevista com Pedro Martinelli, conhecido fotógrafo, que capta imagens da Amazônia desde a década de 70.

Os mais esclarecidos já sabem de antemão sobre o que Martinelli falou: o ritmo acelerado da destruição da selva causado pelas madeireiras. Não é novidade, mas o que não nos damos conta é o fato de que enquanto escrevo estas linhas, ou você leitor escova os dentes, algumas centenas (ou milhares) de árvores centenárias estão sendo derrubadas. E isso ocorre todo dia, debaixo do nariz de quem deveria cuidar e proteger da floresta. Aqueles que deveriam fiscalizar e coibir tal predação, também são predadores e usufruem, via propina, do dinheiro maldito da venda das madeiras nobres. Sempre o vil metal...

Em poucos anos, tudo estará acabado. E a devastação não será só da selva. O desmatamento aniquilará as fontes de água, e tudo ficará bem pior.

Ao ser indagado sobre a verdadeira situação da Amazônia, Martinelli, assim se manifesta: “Quando estive lá pela primeira vez, fiquei assustado com o ritmo da devastação. Na época eu disse que, se continuasse daquele jeito, em 30 anos a Amazônia estaria perdida. Os 30 anos se passaram. A Amazônia está acabando e numa velocidade muito maior. Nos anos 70, vi abrirem estrada e o campo de pouso com machado. Dois caboclos com um machado levavam um dia inteiro para derrubar uma árvore. Hoje, um homem com uma motoserra faz esse trabalho em meia hora. Mas o diabo é o skidder, um tratorzinho com pinças que entra no mato para pegar a tora e vai arrancando tudo pelo caminho. O tão falado manejo sustentável – abrir espaço para que as espécies menores recebam a luz do sol e cresçam entre as árvores grandes – é pura ficção. O plano de manejo, que aponta as espécies que precisam ser preservadas, é tratado com desleixo. Ninguém se preocupa em derrubar uma árvore onde isto causa menos dano ou em desamarrar os cipós que unem as árvores, e cada tronco que cai arrasta vários outros. Eu estive lá e vi” (excerto retirado da Revista Claudia, edição de agosto, fls.60).

Nem vou falar aqui da Mata Atlântica, hoje reduzida a meros 7% da área que já ocupou. O quando de diversidade biológica já se perdeu, sem sequer ser conhecida?

O ser humano é o único animal que polui a água que bebe, e suja o ambiente em que vive. Efetivamente não foi feito para viver em harmonia com a natureza. Voltando a questão que coloquei no início do post, tenho em mente que as obras do homem não se equilibram e nem se harmonizam (pelo contrário) com o sistema auto regulador da Terra. E isso está piorando à medida que evoluímos. Como disse Martinelli na entrevista: antes o machado, agora a motoserra. O que virá depois? Só Deus sabe, ou não...

PS= ainda não pude assistir, mas na entrevista Martinelli menciona o vídeo que fez sobre o desmatamento. Confira no site da revista: www.claudia.com.br

Um comentário:

Anônimo disse...

É horrível o problema do dematamento da Amazônia, o qual me faz perguntar se a floresta não estaria melhor sob um governo da ONU.