terça-feira, setembro 05, 2006

GAIA, A TERRA VIVA

Image Hosted by ImageShack.us

Em 1979 o químico inglês James Lovelock publicou um livro intitulado "Gaia: Um novo olhar sobre a vida na Terra", no qual propunha uma teoria segundo a qual o nosso planeta e todas as criaturas que nele habitam constituiriam um grande organismo vivo. A Terra, dessarte, seria um sistema no qual tudo, desde vírus, seres humanos e clima, entre outros, estariam interligados e seriam inter dependentes, complementando-se entre si na busca de um ambiente perfeito para a vida no planeta.

Nas palavras de Lovelock: "O espectro completo de vida na Terra, de baleias a vírus e de olmos a algas podem ser vistas como partes constitutivas de uma entidade vivente única capaz de manter a composição da atmosfera da Terra adequada a suas necesidades gerais e dotada de faculdades e poderes maiores que a aquelas das suas partes constivas ... [ Gaia pode ser definida como] um ente complexo que inclui a biosfera terrestre, atmosfera, oceanos, e solo; e a totalidade estabelecendo um mecanismo auto-regulador de sistemas cibernéticos com a finalidade de procurar um ambiente físico e químico ótimo para a vida no planeta." Nesse sentido o próprio planeta estaria vivo.

O autor, então, explica: "Você pode achar difícil de engulir a noção que uma coisa grande aparentemente inanimada como a Terra está viva. Por suposto, você pode dizer, a terra é quase toda ela rocha, e maior parte dela incandescente. A dificuldade pode ser diminuida se você permite que a imagem de um árvore grande (como a sequoia) entre na sua mente. A árvore esta, sem dúvida, viva, ainda que 99% dela este morta. A enorme arvore é uma sucessão de anéis cilíndricos de material lenhoso morto, feito de lignina e celulose pelos ancentrais de uma camada muito fina de células viventes que constituem a cortiça da árvore. De esse mesmo modo podemos perceber que muitos dos atomos das rochas que estão lá embaixo no magma foram um dia parte da vida na superfície terrestre, a fina camáda de vida, em continua evolução, da qual todos vemos."

Uma questão interessante é até que ponto a presença do homem influi nesse sistem auto regulador. As obras do homem estariam em harmonia com Gaia? As mudanças provocadas no clima, ou no meio ambiente, por nossa espécie afetariam ou não o sistema vivo e auto regulador da Terra?

A idéia de Lovelock, creio, não é original. No século XV, o monge beneditino e filósofo Dom Basílio Valentim, escreveu "As Doze Chaves da Filosofia", obra alquímica, de cunho hermético, na qual já assinalava, ainda que de modo alegórico, que a Terra tem vida própria. A quinta chave do manuscrito, assim está redigida:

"A força vivificante da terra produz todas as coisas, que dela nascem; e quem dissesse que a terra é privada de vida, contraria decididamente a verdade. Realmente, um corpo morto não pode dar nada a outro que está vivo, pois ele carece do crescimento, porque o espírito de vida evolou-se. Por esta razão, o espírito é a vida e a alma da terra, que nela habita e age, no terrestre por força do celeste e do astral. Pois, todas as árvores, ervas e raízes, assim como todos os metais e minerais, recebem suas forças, sua nutrição e crescimento do espírito da terra, porque o espírito, que é a vida, é alimentado pelos astros e em seguida provê seu alimento a tudo o que vegeta. Como a mãe abriga a criança em seu ventre e o nutre de si mesma, assim a terra, por seu espírito recebido do alto, guarda vivos os minerais enterrados em sei seio.

"Não é a terra que dá tais forças por si mesma, mas o espírito vivificante que existe nela; e, se a terra fosse abandonada por seu espírito, ela seria morta e não ofereceria alimento, bem como faltaria o seu espírito que, pelo enxofre ou pelo adubo, conserva a força vivificante e garante todo crescimento pela nutrição.

"Dois espíritos opostos podem permanecer reunidos, mas não se harmonizam facilmente. Efetivamente, quando a pólvora é inflamada, esses dois espíritos, de que a pólvora se compõe, separam-se com grande fragor e violência e voam pelos ares de tal forma que ninguém pode distinguir ou dizer para onde foram ou em que se transformaram, exceto se se sabe pela experiência que espíritos eram e em que matéria se encontravam..."

(retirado do livro As Doze Chaves da Filosofia, L. Oren Editora, traduzido por Atílio Cancian)

Um comentário:

Anônimo disse...

Bota hermético nisso, cara!

Acho que se pode construir um modelo que abranja tudo que existe na face da terra; o ser humano é detrimental.