quinta-feira, novembro 16, 2006

1678
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Arte: The Shadows of a Memory, por Jaheira

E ainda que na hora de minha morte
Meus mais terríveis medos me assolem,
Lembranças dolorosas passam por minha mente.
Foi em uma época em que os campos estavam vazios e
Os ventos cantavam tristes melodias,
Numa paisagem cercada de sofrimento e dor.
Na derradeira despedida de um amor perdido,
A desgraça revelou-se através de um céu cinzento,
Desolação no ar e sangue cobrindo a terra.
Abandonei toda a esperança,
E em meu íntimo senti aflição.
Memórias tornam-se insuportáveis.
O infortúnio da alma é multiforme:
A chuva caia, e havia morte no caminho.
Dentre todas as mortais,
O anjo de asas negras te levou e te sepultou.
Eu lembro
Foi no ano de 1678 que pela última vez chamei teu nome.
No sombrio e solitário outono.
Foi no desolador 1678 que te perdi para sempre...
Foi no triste 1678 que
Pela última vez alisei teus cabelos carmesins...
Amargurado e solitário jamais me perdoei.
Devia eu por acaso ter lutado,
Lutado contra os planos do Criador?
Deveria eu ter enfrentado o anjo da morte?
Deveria eu ter trocado de lugar contigo?
Ah, se eu pudesse... Ah fosse me dado tal poder!
E então, sem tua presença, pelo resto de meus dias
Nenhuma pena, nenhum castigo foi duro o bastante.
Cada açoite ainda era clemente demais para mim.
Como um espírito infeliz e soturno
Percorri a passos lentos e solitários
O restante de minha existência
Vislumbrando tua face nos lagos, no céu
No mar, nas fontes, nas estradas empoeiradas
Onde quer que eu fosse só via tuas belas feições
E onde quer que eu estivesse,
Tua presença eu desejava
Eu lembro
Foi em 1678 que te olhei nos olhos pela derradeira vez
Foi no desolador 1678 que pela última vez chamei teu nome...
Em 1678 morri contigo, morri para a vida!
Agora, em minha hora final
Não tenho medo, não sinto a dor lancinante
Que atravessa meu peito e faz meu coração
Lentamente cessar de pulsar
Com minh’alma partindo deste corpo quase sem vida
Rememorei nossas últimas palavras
De afeto, de carinho, de amor...
Às portas da morte, minha consciência atormentada sabe
Que o fogo que nos animou agora viverá em nossos espíritos...

8 comentários:

Klatuu o embuçado disse...

O infortúnio da alma é multiforme... sem dúvida, porque a alma é polimorfa, reencarna e culmina múltiplas vidas!

P. S.
Meu caro, principalmente se se quer ser maldito... se se quer deixar uma cicatriz de sabedoria funda na História dos homens!

Strong blood!
Abraço.

Klatuu o embuçado disse...

Meu blog principal: http://gothland666.blogspot.com/

Anônimo disse...

Lindo.

Liliana Silva disse...

:) Grande texto. Obrigada por partilhares, assim como a imagem, também é bastante bonita.

Quanto ao Go down on sea, sim, foi fotografada em Portugal, no centro do país, um pouco a Norte da capital, Lisboa, e é um lugar bastante agradável.
Portugal, apesar de ser um país pequeno, tem uma grande diversidade de paisagens de norte a sul. Vale a pena descobrir :)

**

Anônimo disse...

Olá!!
não se deve deixar para os ultimos momentos aquilo que se quer dizer.
a vida é curta demais para tudo por isso o melhor é irmos comunicando e partilhando as coisas boas e más que ela nos traz.
1 beijo!
Lana

Blogildo disse...

A noite é a morte. O resto é silêncio.

Ricardo Rayol disse...

texto maravilhoso.. de quem é?

Defensor disse...

Rayol, o texto é meu...