terça-feira, outubro 03, 2006

CONGRESSO INTERNACIONAL DO MEDO, Carlos Drummond de Andrade

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Provisoriamente não cantaremos o amor,

que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.

Cantaremos o medo, que estereliza os abraços,

não cantaremos o ódio, porque este não existe,

existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,

o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,

o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,

cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,

cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte.

Depois morreremos de medo

e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.

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Um comentário:

Anônimo disse...

Excelente! Drumond é um dos meus escritores favoritos!
Abraços
Marcio